segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

E agora?






Definitivamente, odeio calor.

Odeio o brilho excessivo, doi na minha retina.
Como alguem pode sequer gostar de suar em bicas e tostar feito frango a passarinho a beira mar?
Pessoas são estranhas, definitivamente - pensei eu ao cruzar uma praia lotada.
Ainda prefiro o nublado, o cinza do céu me acalma.

Confusa por vezes, meu padrão de gostos é algo muito atipico.

Nunca foi a toa que minhas histórias foram fora do padrão - Eu teria que sempre ter um padrão fora do padrão. Sempre o 1% que não encaixa em nada.

Cômico.

Andar sem rumo sempre foi um deles, meus dois pés esquerdos sempre me levaram a lugares estranhos.


Dois cachorrinho na porta da loja esperando que algum comprador.
Dois pequenos e doces labradores

Seus olhinhos eram de dar pena. - 500 reais ! - Gritavam seu preço.
Como alguem poderia trancafiar e vender uma vida? - Infelizmente todos temos nossos preços e pesos.

Esticando a mão por dentro das grades entrelaças, acaricie-os me perdendo em seus pelos e minhas memórias.
Lembrei do meu antigo amor.
A mesma doce e tênue sensação do amor por amar e da pena por não poder libertar.

Uma dor rascante percorreu meu ser... não sabia que ainda poderia doer tanto!

Os dois, sabiam o quão efémero seria.
O cachorrinho brincava com meus dedos, enquanto apertava meus olhos evitando a lagrima descer aos meus lábios.
Teria que tudo ser tão efemero assim?

Trágico

Aos poucos o cachorrinho foi distanciando: sabia que uma hora eu iria abandona-lo.
Preferiu dar o adeus antes que eu o fizesse.
Não que eu não tivesse condições para amar os dois, o cachorro e meu antigo amor.
Será que ninguém percebe isto?

Me revoltei com este estranho e pungente pensamento.

Não entendia o porque me abandonar preliminarmente... eu sempre dei todo meu coração.

Aos poucos, a claridade encontrou meu pensamento.
Tantas mãos passaram que eu entendo porque não se apegaram a mim - Eu lembrava que estas mãos furtivas, provavelmente pelo meu jeito atrapalhado de amar.
Eu não era merecedora disto, mas eu era aquela que foi feita para pagar indefinidamente pelo erro de outros.

Uma efeméride,sempre.

Sádico, não?


Por um momento, me permiti pensar na morte:
Será que visitaria seu tumulo?

Provavelmente...

Ao menos devolver as rosas que me deu.
Seu egoismo poderia ter me tirado o futuro, mas isto era definitivamente meu.


Um livro, quem sabe tudo isto o que me restou nesta jornada.
Um romance de estante, ou um Crepúsculo (rs). Quem sabe? Semelhanças nao faltam.
Escreve-lo, seria limita-lo a toda essência dele.

Mas ainda escreverei... não querendo que realmente exista um final.
Isto porque, como no filme O amante, existem coisas que não se perdem nunca.
Ainda acredito que parte de mim ainda sobra naqueles que passei.

Particularidades a parte,ainda acredito que se ainda penso em alguem, este alguem ainda pensa em mim.

Estaria eu, no auge do 30 anos sonhando como uma adolescente?

Gosto de sonhar...gosto
Gosto de acordar e ainda estar nele...gosto muito.

Nenhum comentário: