Hexagrama 18 – Limpeza da taça cheia de vermes / Trabalho sobre o que se deteriorou
Estava ali, a minha taça cheia de vermes.
Ah…Não era pra tanto também: Era apenas o meu balde de meias sujas de molho.
Estava a tanto tempo que perdi as contas de dias nos dedos das mãos.
Mas bem, aquela era a minha taça cheia de vermes.
Seria muito simples se só simplesmente eu lavasse aquelas meias como um ato enfadonho e cotidiano.
Mas ser Zen representa mais: Ver o que cada mínima coisa no seu dia pode trazer de evolução para você.
Olhei mais uma vez o balde: Aquele definitivamente não era um balde simples, somente.
Era um balde onde eu tinha colocado meus sonhos, meus valores, meus erros, meus futuros, tudo pra lavar, pra renovar.
E no final, ao invés de lavar, fui esquecendo num canto qualquer… porque era mais importante muitas outras coisas.
Vi que ali residia um cheiro repugnante: Eu tinha, não somente as meias mofarem e apodrecerem, mas tudo o que eu queria rever em mim também tinha apodrecido.
Não podia esperar mais: Nem as meias, nem eu
Pego meia a meia…o cheiro dá náuseas, mas o que aquilo representava em mim?
A 3 meses atrás residia em outro estado, com outros planos pra terminar, com outros sentimentos e futuros. Ainda esperançosa, ou talvez mais sonhadora de quem eu amei pudesse retornar.
Olho pra mim hoje em dia: Quanta coisa ficou pelo caminho!
E eu nem percebi que deixei tudo isto pra trás.
Fiz o que precisava ser feito, mas esqueci de mim e de tudo aquilo que eu fui.
Cada meia representava um sonho que eu não sonhava mais.
E por isto eles cheiravam tão mal.
Com paciência, e muito sabão, coloquei tudo pra fora: meias, sonhos e destinos… e esfreguei.
Esfreguei as meias pra sair o cheiro, esfreguei meus sonhos pra ver se eu ainda podia sonhar eles ou ao menos recuperar aqueles sentimentos.
Aos poucos, a taça, ou melhor o balde cheio de meias começou a esvaziar, e meu sentimento de angustia de ter me analisado também… Tantos pares, tantos sonhos.
O que fazer agora?
Juntar os pares: Meia direita e esquerda, Sonhos e realidade.
Estender e secar, tanto meias quanto sonhos, para ver o que de verdade sobra deles, pra quem sabe voltar a usa-lós novamente.
Ser Zen é isto: ir além do que os olhos são capazes de enxergar.