sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mensagem a um amigo




Amigo
Não precisava partir.

Todos os dias
pensava:
Amanha eu mando um oi, hj to muito ocupada.
Ano que vem eu vou, este to muito ocupada.

E acabei por sem dar um olá a vc
e que não consiga mais.

Se o tempo pudesse voltar, eu voltaria,
e tentaria descobrir o q se passava contigo.

Lembra qnd conversamos? Será?
Achava engraçado ter alguem mais baixo o que eu,
era atencioso com quem lhe prestava atenção.
Me chamou de linda, mesmo qnd eu nao me achava.
Se achava tão pouco, ou quase nada, que isto me deixava sorridente,
pois eu adorava.

Talvez se alguem tivesse te olhado com mais atenção
mais compaixão,
teria percebido que professores não são maquinas
que são humanos tal como os alunos.
Feitos da mesma carne e mesmo sangue.

Se a nossa sociedade
não fosse tão cruel, em ter colocado
degraus entre as pessoas, talvez vc teria visto
que é alguem que merecia ser visto,
e nao apenas usado para o bem do país.

Sei o qnt a nossa faculdade é cruel,
mais numeros,menos humanos
mais resultados, menos emoção.
Quantas vezes eu gritei pedindo um pouco mais de humanização...
Falta amor, coração... pessoas de lata andando nas ruas sem conhecer as outras.

Vazio, vazio
sim, sei o quanto de vazio vc tem, amigo.
Vejo isto todos os dias, neste mesmo lugar que escolhemos pra ser um meio-lar.
Vejo tantas hienas, regurgitando e comendo seu proprio vomito.
Vejo gente sem alma e sem coração.
Vejo que gente como eu, como vc, que tem corações e sentimentos
caimos em desuso, e tamos cada dia mais sendo
raridade nesta multidão.


As vezes me pego pensando:
Será que tudo não é um pesadelo, e qnd eu acordar vc não terá partido?
Sinceramente, de mim vc ainda nao partiu, ainda sinto que vc vai voltar.

Sim querido,
vc fará falta, e se estar a me ouvir, em algum lugar
lembre-se
cada pessoa a menos no meu mundo
torna o meu mundo mais pequeno e vazio.


Em homenagem a Sandro Costa e Silva,Doutor e Professor de Fisica da UFABC, que cometeu suicidio no dia 21/10/2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Confess




A meia luz, meio palmo de mim
branco a minha cor,
o tom de pele era tingido
pela cor do abajur, a meia luz.

A verdade esta lá fora
mas eu não quero conversar com ela agora,
quero por enquanto cair em meus delirios,
soltos e divagos.

Confesso, preferiria mais do que minhas maos me acariciando,
preferia a epoca em que a noite era furtiva e vaga
em braços de outro alguem.
Saia em plena penumbra em procura
de seus segredos,
que eram meus por algumas horas.

Sim, olho a cidade,
com o mesmo desdem.
As pessoas são tão fracas, tão vagas
que esquecem outras apenas com o
fechar de vossas luzes.

Debruço na varanda,
observo as luzes acesas como pequenas estrelas,
espero um abraço... quanto ele virá?

Aquele abraço acolhedor, que me segure
me leve para algum lugar
onde as palavras não sejam necessarias.

Ainda espero,
sento em meu sofá, com um copo de delirio ao meu lado
olho ao meu redor,
pressinto que alguem esta a me observar.
Mas não importa, ainda quero que me olhe, que me entenda,
me deseje, me perceba.
Não sei seu rosto nem suas intenções
e me fita como se estivesse a muito a me esperar.

Não importa...
A porta esta aberta, pode entrar,
a luz ainda continua morna, acesa, meia luz
sinalizando que ainda estou a esperar o seu verdadeiro chegar.


Inspirado em : Confess - V

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Estranho neste ninho



O que mais me impressiona nas pessoas
é o preconceito da qual elas carregam.
Estranho como as pessoas apontam o dedo as outras
só porque não são iguais a vc.
Porque querer destruir um amor,
que era tão bonito,
por uma ninharia chamada modismo?
Com tanta coisa diferente neste mundo
porque ser igual?



Será que não posso ser um pouco menina
perante tantas horas como mulher?
quem nunca ficou cansado
a ponto de voltar a ser criança,
e por um momento parar aquela vida tão agitada?
Venha e atire a primeira pedra
Lembre-se que vc tb é diferente,
será que não tens pena de fazer sentir em outro
a dor que tb sentes?

mas nao
nao vou mudar os meus habitos
para entrar em vossos padroes.
Nao mesmo, e grito em bom tom.

Nao quero ser como vcs querem
com corações de pedra e
moral tao pregada mas
que esconde estranhezas em suas entranhas,
até dificies de imaginar.

Nao quero destruir
o amor entre duas pessoas
somente por causa de preconceitos.
Nao quero ser como vcs,
duros e mortos.

Quero seguir vivendo
rindo e aprendendo, sendo aquela menina de antes.
Quero ser febril e amorosa,
quero mudar e continuar mudando

Quero ser diferente de vcs
que ficam se esgueirando entre corredores,
com fofoca entre os ouvidos
rindo dos outros como hienas a recem alimentadas
pelo restos de outros.
Nao quero ter este veneno vil que vcs carregam
destilado apenas
porque nao conseguem mudar,
matam aqueles que tentam viver...

Desculpa mas não
to bem longe de vcs
Vcs podem até tentar me matar,
e este será mais um motivo pra eu continuar a viver!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Descanso e inquietação





Chega o final,
o tanto faz o caminho que foi trilhado.
A mim, importa o que mudou por dentro.

Tanto faz a hipocrisia que me rodeia,
sou eu, eu mesma,
a alpha e a beta
horas audaz, horas quieta.
Onde a coisa que mais queria
era um colo pra repousar.

Acordo no meio da noite
onde estará aquele colo que eu queria?
onde estará o que saciará minha sede e meu calor?
e a unica resposta é a que eu ficaria sem resposta.

Uma loba sutil estava a solta
como a muito eu não via.

Tão próximo, tão longe
me sinto como a anos atras
em que correr o risco, o perigo
era algo saboroso.
Era ter a certeza de algo para mim
sem te-lo em mãos.
Ativa minha criatividade, aguça a minha curiosidade
onde a curiosidade é meu maior afrodisiaco.
Como o destino sabe precisamente me deixar louca?

Era como se o relogio fosse um pouco pra trás
e fizesse, por poucos segundos
esquecer tantos homens
rudes e promiscuos,
tantas vidas que abandonei por ser tão distante de mim,
e fizesse lembrar aqueles poucos momentos
em que fui feliz apenas por ser respeitada e amada.

De que adianta
ter tudo certo, tudo a olhos visto,
tudo particularmente normal
se a graça da vida é ter
boas historias pra contar,
adrenalina ainda percorrendo suas veias
sem te matar?

Ainda procuro respostas,
mas ainda estou por correr meus dedos
a procura de controlar os passos que ainda nao posso dar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Que raiva!




Que raiva que eu tenho
de pessoas que nao cumprem o que falam.
Que raiva que eu fico quando as pessoas
nao pensam que seus atos atrapalham as outras.

Que raiva!

É como numa festa
que vc se apronta, se veste,
e no ultimo segundo:
ela nao acontece.

Me revira em mim um misto de
indigaçao e desrespeito.
Será que as pessoas não pensam naquilo que é feito por elas?

Hoje a palavra nao vale de muita coisa.
Eu sou do tempo das antigas:
em que chegar cedo era sinal de educaçao
e que a palavra tinha força de lei.
Aconteça o que acontecer: é a minha palavra que esta em jogo!
Minha palavra nao pode ser falha
pq é a unica coisa sobre a qual as pessoas se apoiam.

Mas que raiva que me dá...

Ao ver que as pessoas querem tudo na hora
Mas que quando pedimos,
seja por necessidade ou por ajuda a nossa insegurança
elas falam: Ah, agora não dá...

As pessoas perderam a sensibilidade
de notar no tom de voz que fizeram algo errado.
Como confiar então que elas possam te entender?

Sinceramente não sei.

Como pensar que uma pessoa vá realmente te socorrer na hora que vc precisa,
ou será que ela vai dizer: "agora nao dá"?
Como confiar que estas pessoas serão responsaveis o suficiente
para construir uma familia, educar seus filhos e protege-lo
se por acaso : "agora nao dá"

São de pequenos atos que tiramos grandes atitudes,
afinal um grande homem não se faz de um dia pro outro.
É a pratica que leva a perfeiçao.
Mas vai saber, não é... quem sabe "agora não dá"

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Louca!




Não tenho medo do que me rotulam
muito menos daquilo que pensam de mim.
Não quero ser aquilo que esperam de mim,
quero ser ardente, febril de vida
dilacerando a alma em pedaços,
daqueles que esperam por mim.

Não sou do tipo de mulher fraca,
das que fogem das brigas e que se sujeitam a quase nada.
Sou do tipo que põem a lenha na fogueira,
mesmo sendo eu que nela esteja.

Sou de brigar, amar, apaixonar,
do tipo que procura a mão sob o cobertor
para me curar da falta.
Do tipo que ama tão incondicionalmente egoista,
que sabe que as vezes a distancia é necessaria,
mas que não existe o que convença um doido coração.

Sou do tipo que constroi sonhos todos os dias
pra destrui-los no fim da noite,
só para ter o que construir no outro dia.

Sou daquele tipo que guarda coisas antigas:
bijouterias, amigos, flores.
Mas não tenho medo de joga-las pela janela
quando a mim não me serve mais.

Não, não pensei que é uma atitude ruim.
Isto me faz mais leve, dando a liberdade aos dois:
a mim e aquilo que criei.
Não quero prender a mim algo que não me serve mais,
não quero olhar e ver que sou apenas o acumulo de tudo aquilo que não serve mais.
Quero ser alguem limpa, renovada de mim,
quero me lançar a novos mares, a novas ondas.

Quero que me olhem na cara e me digam: você é louca!
Quero sim, quero ser louca de amar, ser louca de viver, ser louca de sonhar.
Sonhar tão alto que minhas pernas não alcançam, mas sonhar.
Quero ir em direção a luz, alcançar o melhor de mim.
E em todos os dias buscar realmente o que eu quis,
ser realmente aquilo que sou,
simplesmente
por ser assim: Louca!

Inspirado em:
Como la luz - Chambao

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Imperfeita




Caminho por lados opostos,
apenas a solidao se faz amiga.
Me falta o abracos, os aconchegos
de alguem que nao vejo.
Afinal ate a mais alta muralha
comecou do mais fragil tijolo.

Olhares devaneios:
haveria alguem a completar uma alma
tao irriqueita? tao imcompleta?
O que sera que me completaria?

Se Deus crio alguem
tao imperfeita como eu,
poderia ele mesmo ter criado outra imperfeicao
so para me corrigir?

Olho tantas coisas feitas pelo homem
olho tudo aquilo que sou e que faco,
nada me completa, nada mais me fascina...
apenas vivo
na espera pura de um dia me completar
com algo que realmente traga um destino em minha vida.

Tragico destino
de uma estrela cadente:
milhoes de anos para apenas alguns poucos segundos de luz.


Inspirado em

Soulstice - One