quinta-feira, 9 de junho de 2011

Contraponto do Marcapasso

 

 

Bate em um peito,
o vazio da nao existência.

Contemplo o horizonte
minhas origens, tão distantes.
Sou tão distante da imagem que criei pra mim.

Mãos nos bolsos por dentro de um noir.
A vida passa ao meu lado sem notar.
Em meu interior, calmo e sereno,
da segurança de saber a previsibilidade humana.

Tantos anos, tantas vezes estudei
tantos olhares, tantos gestos.
Não há nada de novo,
nada complacente com a minha natureza orgânica
da imprevisibilidade compulsória.

Continuo recolhida, meu mundo
já esta recheado de outros mundos
outras quimeras das quais gostaria de ter vivido.
Não há nada mais que me espante.

Olho pra imensidão
não há nada que dê um contraponto
no marcapasso do meu coração.

Continuo a andar,
cansada deste mundo
que só sabe nascer, trabalhar, reproduzir e morrer.
Quantas vidas que na verdade são apenas
existências efemeras de corpos vazios.

Uma sensação que me permeia sempre
é que ando num planeta deserto
que não há mais vida inteligente por aqui.

 

Poema escrito com a audição de : De Thomas Newman - Beleza Americana

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