Esquadrinho a noite
os veios de cantos, portas e janelas.
Há quanto tempo estou aqui?
Vendo as mesmas coisa, mesmos modos
mesmos lugares.
Olhei por horas,
rostos que um dia amei.
Me reanaliso: porque deixei de amar?
Por que o amor não prende, ele em si
liberta.
E por se libertar, modifica de seus moldes,
transforma a vida e começa a fazer parte integrante do ser.
Hoje, não os amo mais, isto é verdade,
mas me modificaram tanto que hoje
sou parte do amor que me deram.
Preciso, e devo, fugir daquilo que me faz mal.
Do lugares que guardam lembranças de pesar.
Não quero ver mais os mesmos rostos,
e lembrar.
Quero sair de tudo aquilo que pode me lembrar de velhas dores,
pra construir vida nova, com novas cores,
pra tentar ser feliz de novo
Sinto as voltas da vida, e chega mais uma momento
em que o vento bate no meu rosto
e me conta de coisas que nunca vi,
de lugares lindos que tenho que conhecer.
Me sinto viva,
a cavalgar por outras terras,
conhecer outros mares.
Meu coração cigano
não quer solidão,
mas necessita ardentemente de sentir o vento
permeando minh’alma.
Não gosto do acido da rotina,
da podridão alheia em vossas falas,
das máscaras vestidas todos os dias.
Estou de rosto limpo e alma lavada,
por isto que aceito novos mundos
simplesmente porque não tenho medo de ser eu mesma.
Quem quiser, pegue na minha mão,
deixe-mos a vida ser ela mesma.
Cavalgar a beira-mar,
ser feliz por viver, por estar.
Vamos,
por que o medo?
Voar é incrivelmente libertador!
Poema regado ao som de :La Ritounelle de Sebastien Tellier
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