sexta-feira, 10 de junho de 2011

Quantos dias você viveu

 

 

O beneficio da dúvida
é o ato de existência do outro.

Eu preciso, angustio
por ver a vida com novos olhos.
Quero entender a vida de outra maneira,
Deixo que outros mundos existam em mim.

Talvez, precisem mais do meu mundo.
Talvez, meu mundo precise do seu.
Talvez, os dois.

Quando se entra num rio
nunca mais entraremos de novo.
Nem eu, nem o rio seremos os mesmo.

Quando era pequena,
queria sempre lembrar todos os dias.
Para mim, são preciosos cada.
Precisava sempre fazer algo diferente
pra minha memória não perde-los.
Eles são o que se chama vida.
Quantos dias vc realmente viveu?

Preciso me modificar a cada dia,
como o céu precisa mudar sua cor,
como as folhas precisam cair e renascer.
É a parte da condição natural da existência:
mudar.

Se vc não muda a cada dia, vc não existe.

Preciso retirar  aquilo que não serve mais a minha alma.
Deixar de viver o passado, pois aquela não sou eu.
Esquecer dos passos que dei, talvez não.
Não obstante, compreender e aceitar que sou melhor do que fui
por ter dado os passos que dei,
pelos machucados nos joelhos, de tanto cair sem apoio sobre mim,
pelas mãos feridas de ter me apoiado sobre espinhos.
Mas sobrevivi e vivi.

Aceitar, que pra caminhar precisa tentar,
pra se equilibrar, precisa cair
e pra viver precisa existir.

Preciso rascunhar novos destinos, jogar alegorias fora.
Minhas medidas são outras.
Preciso abandonar a casa que construí, porque ela já ruiu.

Por isto
Não prendo meus braços... eles foram feitos pra voar.
Não laceio minhas emoções... elas tb precisam viver.
Não prendo  meu corpo ao chão... ele precisa girar e dançar.
Não prendo meu cabelo... o vento ama balança-lós.

O céu continua mudando de cor
e nem por isto perde sua grandeza.
Sua verdade muda, mas não muda a essência.

Isto é tocar o mais profundo da sua existência
ter prazer apenas por ser vc mesmo.

 

“Andando, o sábio muda suas opiniões,
e mudando, uma hora se contradiz.
A coerência é uma atitude dos tolos.”

 

Conto sufista do Mulla Nasrudin para reflexão:

 

O mulla estava pensando em voz alta:

— Como saberei se estou morto ou vivo?

— Não seja bobo — disse-lhe a esposa; — se você estivesse morto, seus membros estariam frios.

Pouco depois, na floresta, Nasrudin pôs-se a cortar lenha. Era pleno inverno. De repente, percebeu que suas mãos e seus pés estavam frios.

“Estou indubitavelmente morto”, pensou; “por isso preciso parar de trabalhar, porque defuntos não trabalham.”

E porque defuntos não andam de um lado para outro, deitou-se na relva.

Logo depois, uma matilha de lobos apareceu e arremessou-se ao burro de Nasrudin, amarrado a uma árvore.

— Muito bem, continuem, aproveitem-se de um morto — disse Nasrudin de sua posição supina; — se eu estivesse vivo não lhes permitiria tomar liberdades com o meu burro.

 

 

 

 

Musica do post: Da UA a musica The color of empty sky

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